quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Casa que Habito I

Fechou a janela e deixou-a fechada por dias! Trancou seu quarto e ficou pra fora.
Disse-lhe que só entraria caso ela voltasse com a chave nas mãos. E assim foi por dias até resolver reformar a casa e mudar os móveis de lugar.

A casa havia sido habitada por uma visita que resolveu ficar por ali após um encontro despretensioso ao acaso regado de vinho na varanda. A noite era azul quando ela resolveu entrar e passar a noite, mesmo ela sabendo que não passaria de uma noite, ou de poucas, pois era o que o dono dizia, sempre zeloso de seu lar e com muito cuidado para não tirar nada do lugar, que estava impecável à algum tempo. Ele ainda estava confiante e cheio de si, pois sabia que ao amanhecer, ia arrumar a bagunça com muito cuidado pra não tirar nada do lugar e continuar morando no lugar perfeito, longe e livre de falhas humanas. Mas acabou que ele a convidou para passar mais uma noite em sua companhia, quando tivesse um tempo, esperando certamente que, quando a hora do encontro chegasse o afeto já teria ido embora. Então ela partiu, no primeiro dia...

Ele estava só em sua casa, arrumando os detalhes de seu quarto quando viu o afeto jogado embaixo da cama, junto com os monstros de estimação que guardara desde a infância. Era quase terminada a hora da faxina rotineira de todo dia e a unica coisa que faltava para, enfim, terminar o serviço, era jogar o afeto pra fora como sempre o fazia. Mas houve algo diferente naquele dia! O afeto tinha um pequeno brilho, uma pequena luz que brotava em seu interior trazendo mistério. Ele o pegou com cuidado, examinou e pensou sobre o que poderia ser aquele pequeno brilho azul, ainda muito fraco, e que não estava na noite anterior.

Não sei se por medo, mas naquele dia ele não limpou tudo...

Um comentário:

  1. É Jú, que bom seria tivéssemos a coragem de não jogar fora nossos pequenos brilhos... Bjs Kelly

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