sábado, 25 de agosto de 2012

Verde

Coisa que não cega, mas se segue assim mesmo. O desejo da indefinição segue retido e compreendido pelo tamanho do que sera de quem não foi um dia.

Passar o dia com os olhos negros, da fala escrita por mãos alheias, trouxe a tona um estado de espirito evocando a singularidade de um sorriso.

Sorriso este, que se sorri com os olhos. Pois aquele que se faz curva com os olhos, puxando-o e fazendo um sorriso aparecer na face a cada olhar, é divinamente bonito e misterioso ao mesmo tempo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Seria injusto se não fosse mentira?

Bicicleta acelerada descendo a avenida na tentativa, milagrosa, de conseguir chegar a tempo.

Ele sabia que não ia conseguir, mas a medida que se aproximava em direção a casa da aniversariante o pessimismo e o sentimento de culpa, que perduravam por 24 horas completas exatamente no momento em que ele desceu da bike, desapareceu.

23 segundos separavam o primeiro dia com 18 anos da aniversariante, com o segundo. E ele sabia disso.

Provavelmente este seria o ultimo dia dela com ele. Mas com 18 anos.


Só?

_ Sereia! - chamou o menino - Como faço para seguir em frente?
_ Não sei, mas deve ser seguindo.
_ Mas como assim... Devo andar sozinho dessa vez? - perguntou o menino hesitante.
_ E como vou saber? Eu, nem por acaso, ando...
_ E como você faz para seguir em frente?
_ Me conhecendo...

Disse a sereia a mim e mergulhou desaparecendo aos poucos no fundo da lagoa...

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Felicidade é uma questão de SER...

Não é todo mundo que tem o privilégio de deleitar por noites com a janela aberta ouvindo apenas o silencio como musica de fundo, enquanto os carros passam e transferem a trilha sonora pelo ambiente noturno.

Eu me sentei para escrever, sem pensar em personagens dessa vez, pois, talvez agora, o necessário não era o que tinha aqui dentro, nem muito menos as relações humanas e suas teias e garras venenosas. Nem de sentimento.

A vontade minha agora, é escrever o que observo nessa noite calma e escura.
Enquanto o silencio prevalece e os ruídos continuam a sua rotina noturna de todo dia, eu invado o silencio e transgrido para a sombra que devora os monstros da noite.

Hoje não haverá maus sonhos e nem muito menos uma euforia de ansiedade.

Acredito que a calma que nos conforta na alma deixa tudo mais tranquilo e feliz.
Sim, a felicidade é branda e tranquila. Mas não é conformada!

domingo, 12 de agosto de 2012

Bom Dia Cinderela!


Eu me lembro da primeira vez que acordei na casa de Maria Rosa. Achei que estava em casa, mas quando eu vi que o teto era outro, a mobília de algum filme antigo e a cama, que aparentava ser da família real portuguesa, fiquei perplexo. Até a minha bexiga ficou tímida nessas horas e se recusou a trabalhar até que eu descobrisse onde realmente estava. Justo a mijada matinal. Eu sempre durmo ancioso para a manhã seguinte chegar logo pra poder mijar durante quase dois minutos sem parar. Ultimamente esse era o meu maior prazer por esses canais.
Vozes femininas vinham la de fora do quarto. A janela, que nem era antiga (alias, a unica coisa que não era), estava fechada e eu não me atreveria a abrir e me deparar com o desconhecido. Pensei que tinha sofrido uma viagem no tempo. Eu assistia Discovery sempre que tinha tempo, e vi uma vez que tempo e espaço é algo muito relativo, e que o tempo é, tambem, uma das dimensões. Quatro dimensões, ou cinco, sei lá. Não sabia nem onde estava e minha vontade era ter acordado em uma suite, ou num banheiro público até. Mas não, voltar no tempo era tudo o que eu não poderia, ouvi dizer que os banheiros daquela época eram nojentos e o chuveiro era gelado. Não poderia mais me deliciar com as longas duchas quentes que me esquentavam mais que mulher. (Já que elas fugiam dele).

A voz da cozinha, agora, chamava por um nome que, a principio, começou bem baixinho e foi aumentando o volume até conseguir ouvir claramente ela chamando-o por caio. De repente aparece na porta do quarto a coisa mais linda que eu já vi na minha vida e me olha de um jeito apaixonado que eu não podia acreditar, o que quer que tenha acontecido na noite anterior, foi muito bom!

"Estou preparando um pouco de café e já trago, está bem?" ela me diz.

Café? Talvez ela não soubesse que eu detesto café. Talvez eu não teria dito, ou teria dito e ela não ouviu, assim como, talvez, eu não escutei ela dizer o seu nome. Talvez ela não tenha dito.
Saí do quarto sem dizer nada e andei um pouco por entre aquela casa enorme, um casarão antigo.
Com uma casa grande dessas poderiam haver ali, sem problemas, uns 3 banheiros, sem dúvidas, mas que nada. No corredor todas as portas, exceto a do quarto em que acordei, pareciam trancadas e eu não conseguia encontrar o banheiro. Mais um pouco e eu mijava nas calças com certeza. Então eu procurei a garota linda seguindo o cheiro forte e insuportável do café, o quem e conduziu até uma cozinha com mais duas pessoas seminuas conversando com ela.
"Bom dia Cinderela!" falou a garota do sutiã vermelho no colo do careca sem camisa. Eu fiquei confuso e encarei-os por um tempo tentando descobrir o porque dela ter me dito isso. Fiquei pensando se tinha dito de propósito ou se estava confusa, a cinderela perde o o sapatinho de cristal e é a bela adormecida que cai em sono profundo, eu acho...
Fui na direção daquela, que estava passando o café especialmente pra mim, segundo ela, e perguntei num cochicho onde era o banheiro. Com uma das mãos segurando a chaleira de água quente no ar, ela ficou me olhando com ironia como se eu soubesse onde fica a porcaria do banheiro! Achei até que ia jogar a água em  mim! (seria a primeira mulher depois de meses que o esquentaria um pouco.)
Ela pegou o meu braço com força e me levou até um pequeno corredor onde tinha mais uma porta trancada.   A porta se abriu, e de lá surgiu uma mulher gorda que tinha acabado de cagar, pois pelo cheiro, tomar banho é a ultima coisa que ela deve ter feito por lá. Então a garota linda, com um shortinho rosa escrito na etiqueta "RosaMaria", apontou com o bico da chaleira me apresentando ao banheiro, como se o banheiro fosse uma pessoa que eu quisesse e muito conhecer. "Banheiro, o bosta, bosta o banheiro!". A ironia tinha se transformado em desprezo e eu pude passar os próximos dois minutos pensando no porque daquela desconhecida, linda, me tratar daquele jeito.

Acho que não sou bom de cama, concluí.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Criança

Parece a vertigem reluzindo o ouro de um sorriso flamejante em plena luz de um dia normal, quando ela, ao cruzar por mim, me sorriu um sorriso sincero de luz que eu não saberia como retribuir com a mesma alegria uma criança tão ingenua.

Felizes os que percebem as pequenas alegrias reluzindo no meio do caos...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Desejo de Sorriso

As vezes o coração bate a distancia, por que sabe que do outro lado tem uma alma digna de ser lembrada.
Lembro do dia que ele a viu pela primeira vez, alias, ele não a viu apenas eu, mas como ele anda comigo quase todo o tempo eu a reparei por ele.

Sinceramente, não foi uma olhada de desejo e o coração também não apertou e, talvez, nem apertaria se a visse como eu. Foi uma noite de muita correria e passamos desapercebidos uns pelos outros e se não fosse a ilusão social de te ver nas fotos e dizer "hey, eu te conheço, aceita ai", nunca mais a veria.

Quem vê cara não vê coração, é fato. Mas e agora que vi o seu coração e a sua alma sem a ver de fato, o que acontece?