domingo, 12 de agosto de 2012

Bom Dia Cinderela!


Eu me lembro da primeira vez que acordei na casa de Maria Rosa. Achei que estava em casa, mas quando eu vi que o teto era outro, a mobília de algum filme antigo e a cama, que aparentava ser da família real portuguesa, fiquei perplexo. Até a minha bexiga ficou tímida nessas horas e se recusou a trabalhar até que eu descobrisse onde realmente estava. Justo a mijada matinal. Eu sempre durmo ancioso para a manhã seguinte chegar logo pra poder mijar durante quase dois minutos sem parar. Ultimamente esse era o meu maior prazer por esses canais.
Vozes femininas vinham la de fora do quarto. A janela, que nem era antiga (alias, a unica coisa que não era), estava fechada e eu não me atreveria a abrir e me deparar com o desconhecido. Pensei que tinha sofrido uma viagem no tempo. Eu assistia Discovery sempre que tinha tempo, e vi uma vez que tempo e espaço é algo muito relativo, e que o tempo é, tambem, uma das dimensões. Quatro dimensões, ou cinco, sei lá. Não sabia nem onde estava e minha vontade era ter acordado em uma suite, ou num banheiro público até. Mas não, voltar no tempo era tudo o que eu não poderia, ouvi dizer que os banheiros daquela época eram nojentos e o chuveiro era gelado. Não poderia mais me deliciar com as longas duchas quentes que me esquentavam mais que mulher. (Já que elas fugiam dele).

A voz da cozinha, agora, chamava por um nome que, a principio, começou bem baixinho e foi aumentando o volume até conseguir ouvir claramente ela chamando-o por caio. De repente aparece na porta do quarto a coisa mais linda que eu já vi na minha vida e me olha de um jeito apaixonado que eu não podia acreditar, o que quer que tenha acontecido na noite anterior, foi muito bom!

"Estou preparando um pouco de café e já trago, está bem?" ela me diz.

Café? Talvez ela não soubesse que eu detesto café. Talvez eu não teria dito, ou teria dito e ela não ouviu, assim como, talvez, eu não escutei ela dizer o seu nome. Talvez ela não tenha dito.
Saí do quarto sem dizer nada e andei um pouco por entre aquela casa enorme, um casarão antigo.
Com uma casa grande dessas poderiam haver ali, sem problemas, uns 3 banheiros, sem dúvidas, mas que nada. No corredor todas as portas, exceto a do quarto em que acordei, pareciam trancadas e eu não conseguia encontrar o banheiro. Mais um pouco e eu mijava nas calças com certeza. Então eu procurei a garota linda seguindo o cheiro forte e insuportável do café, o quem e conduziu até uma cozinha com mais duas pessoas seminuas conversando com ela.
"Bom dia Cinderela!" falou a garota do sutiã vermelho no colo do careca sem camisa. Eu fiquei confuso e encarei-os por um tempo tentando descobrir o porque dela ter me dito isso. Fiquei pensando se tinha dito de propósito ou se estava confusa, a cinderela perde o o sapatinho de cristal e é a bela adormecida que cai em sono profundo, eu acho...
Fui na direção daquela, que estava passando o café especialmente pra mim, segundo ela, e perguntei num cochicho onde era o banheiro. Com uma das mãos segurando a chaleira de água quente no ar, ela ficou me olhando com ironia como se eu soubesse onde fica a porcaria do banheiro! Achei até que ia jogar a água em  mim! (seria a primeira mulher depois de meses que o esquentaria um pouco.)
Ela pegou o meu braço com força e me levou até um pequeno corredor onde tinha mais uma porta trancada.   A porta se abriu, e de lá surgiu uma mulher gorda que tinha acabado de cagar, pois pelo cheiro, tomar banho é a ultima coisa que ela deve ter feito por lá. Então a garota linda, com um shortinho rosa escrito na etiqueta "RosaMaria", apontou com o bico da chaleira me apresentando ao banheiro, como se o banheiro fosse uma pessoa que eu quisesse e muito conhecer. "Banheiro, o bosta, bosta o banheiro!". A ironia tinha se transformado em desprezo e eu pude passar os próximos dois minutos pensando no porque daquela desconhecida, linda, me tratar daquele jeito.

Acho que não sou bom de cama, concluí.


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