terça-feira, 24 de junho de 2014

Ver-a-cidade

Eram milhares de passos caminhando solitários na Avenida Paulista.

O desejo de se encontrar é facilmente perdido em meio ao caos e, mais uma vez debatendo o mesmo assunto!

Não há nada novo, os dias são iguais e a saudade continua. 

Escrevo sobre as pessoas, escravocratas do hábito, do luxo, da riqueza, mas da aspereza também.

Os dias são cinzas e pela manhã o frio que desce pela espinha, congela até os ossos. Gente, multidões e eu sozinho olhando pra frente em linha, seguindo o fluxo de mais um dia, igual a todos os outros dias da semana. Iguais, também, a todos que seguem em filas involuntárias dividindo o espaço apertado com outros seres. Humanos, máquinas também...

Por ser escravo de mim mesmo, do corpo que possuo, visto-me depressa, numa pressa inconsequente de fazer o dia render bem mais do que é me dado, pois se não houver lucro não há sentido nessa cidade, necessidade de partir na frente e chegar logo a lugar nenhum. Trânsito, pressa. Gente por cima de gente, todo dia a mesma coisa. Esse é o assunto mais comentado daqui, nossa cultura de estarmos distantes uns dos outros em espaços absurdamente apertados. Não há privacidade, mas há privação em todos os sentidos. 

Sentido mesmo é o que busco encontrar quando acordo e já logo vou saindo, tomando meu café as pressas, no qual pago caro por cada minuto, e é preciso correr mais ainda pra me sobrar, além do tempo, algum dinheiro pra pagar pelo tempo livre. 

Sentido aqui só existem dois,o da sua mão e o da outra. Vemos e vivemos nas vias uma angustiante tortura. Tudo se repete nessa cidade, até mesmo o meu discurso. 

É mais um dia e eu aqui, novamente...
 

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